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A mostrar mensagens de maio, 2023

Filmar ou não filmar?

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Sem Ursos (2022), de Jafar Panahi A relação do cinema iraniano pós-revolução com o estatuto de verdade das imagens é, desde Kiarostami, fundacional. Não-atores e intérpretes amadores, dispositivos cênicos, a presença dos próprios cineastas em seus filmes e do foco sempre voltado ao retrato social – as razões pelas quais esse singular cinema de autor ganha proeminência, após os anos 1990, em um país do Oriente Médio que até então não estava presente nos cânones do meio, não pode ser encontrada senão em outro movimento, temporal e geograficamente distante: o Neorrealismo Italiano, onde a força da realidade pós-guerra era tamanha que se impunha sobre a ficção. Mas, diferente dos filmes de Rosselini e De Sica, em que a Libertação tornou favorável que as câmeras voltassem suas lentes para a realidade do momento, no Irã as forças culturais empurram para o caminho contrário. Se existe um elemento que, na obra de Kiarostami, Panahi e Makhmalbaf, perturba a ordem social, este é justamente a pr